quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Em Encontro Estadual, servidores do TJ-SP redefinem pauta de reivindicações


Pleitos dos assistentes sociais e psicólogos continuam na pauta geral




Como ocorre todos os anos, os servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo reuniram-se em um Encontro Estadual, no último dia 24, na sede da Associação de Base dos Trabalhadores do Judiciário do Estado de São Paulo (Assojubs). A AASP Brasil esteve presente, representada pela segunda tesoureira, Fátima Zanoni Mastelini, pela conselheira fiscal Maria Lúcia de Souza e por associados.

O evento teve por objetivo a rediscussão da pauta de reivindicações a ser entregue ao TJ-SP. Também ocorreram palestras para tratar da conjuntura atual e novas formas de produção no Judiciário.

O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), conhecido defensor das lutas dos funcionários públicos paulistas, também esteve presente. “É muito importante vê-los reunidos para trabalhar em torno da campanha salarial em um momento em que o país vive grandes ataques aos direitos dos trabalhadores”, disse. Ele também falou sobre o orçamento do Tribunal para este ano. Afirmou que há verba suficiente para garantir reposição salarial aos servidores, mesmo com o corte ocorrido pelo Executivo. “É preciso se mobilizar para disputar este orçamento”.


Giannazi aceitou nos ajudar também na luta contra o Depoimento Especial


Giannazi também teceu explicações sobre o Projeto de Lei, de sua autoria, que institui o nível universitário para o cargo de escrevente judiciário. Há muitos questionamentos sobre a possibilidade de o PL ser barrado por vício de iniciativa, já que se entende que um projeto deste tipo deveria partir do próprio Tribunal de Justiça. O parlamentar argumentou que, de qualquer forma, o PL é um instrumento de pressão junto ao Legislativo. “Não podemos esquecer que 2018 é ano de eleição e muitas disputas ocorrerão, quadro que pode favorecer a nossa luta”, lembrou apontando que, dependendo das articulações, o Projeto pode ter andamento, independente da autoria.


Pauta e bandeiras de luta
Na pauta de reivindicações, as principais discussões giraram em torno da reposição salarial, do nível universitário dos escreventes, aumento real do auxílio-saúde, entre outras coisas. Assim, que tivermos a nova redação da pauta, publicaremos nos nossos meios de comunicação.

Fátima defendeu a permanência do item sobre a equiparação salarial dos assistentes sociais e psicólogos com o pessoal da Saúde do TJ-SP, uma vez que a instituição atendeu apenas à parte deste pleito. Foi concedido apenas 60% do valor do salário dos enfermeiros. Continuaremos na luta para que a equiparação seja de 100%.

Também continuará na pauta a não obrigatoriedade de participação de assistentes sociais e psicólogos: 

      a) Em trabalhos ou metodologias que não sejam sua atribuição profissional;
         b) Que firam sua ética profissional;
      c)  Que sejam contrários às deliberações de seus conselhos de classe.

Foi aprovado que se acrescente um item para que ambas as categorias possam participar das discussões sobre as atribuições e também um item sobre o serviço cumulativo.

Além da pauta discutiu-se as bandeiras de lutas que deverão ser encampadas por todas as entidades representativas dos servidores, tais como: Pela defesa do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), Contra as reformas, contra o Depoimento Especial de crianças e adolescentes vítimas de violência, contra o auxílio-moradia, entre outras. O slogan da Campanha Salarial 2018 continuará sendo o das campanhas passadas: Nenhum direito a menos!

Já foi definido o próximo calendário de mobilização:

12/03 – Assembleia-geral da categoria na Praça João Mendes
22/03 – Ato público em defesa do Iamspe

Conjuntura e novas formas de produção
Os convidados para as palestras foram o jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, e Mário Montanha Teixeira, assessor jurídico do Tribunal de Justiça do Paraná. Suas falas versaram, respectivamente, sobre a “conjuntura nacional” e “as novas formas de produção, o trabalho no Judiciário”.

Altamiro Borges iniciou sua palestra apontando a dificuldade de se analisar o atual momento da política brasileira. “Vivemos uma época de total imprevisibilidade e confusão. Confesso, por exemplo, que não sei se haverá eleições em outubro, se Lula será preso ou não, se será candidato ou não”, expôs. O jornalista acredita que o país passa por uma severa fase do Capitalismo caracterizada pelo o que chama de “os três Ds do Neoliberalismo”: Desmonte do Estado, desmonte da nação e desmonte do trabalho. E quem paga a conta é o trabalhador. Os servidores públicos passam a ser os principais alvos das políticas de austeridade e retirada de direitos, são colocados como “marajás” que precisam perder os privilégios. “Vocês estão apanhando e vão apanhar mais, pois, para desmontar o Estado é preciso desmontar o Serviço Público como um todo”, explicou. Os sindicatos e associações também estão no alvo. “Como não é mais possível impor uma ditadura como a que se iniciou em 1964, agora atuam em duas frentes: asfixia financeira e divisão na base”. Para ele, o governo tenta desmontar o sindicalismo propondo alterações tais como o fim da contribuição compulsória sindical e jogando trabalhadores uns contra os outros. Como agir diante deste cenário? Três ações são importantes: Investir na luta com permanente mobilização, investir na politização (não a ligada a partidos, mas na educação política em si) e investir na unidade entre sindicatos e centrais sindicais, este é um momento para deixar diferenças de lado e centrar todos os esforços na luta geral.

Mario Montanha, cuja experiência é como servidor do TJ do Paraná acredita que “vivemos momentos diferentes do mesmo processo, tudo em decorrência do mesmo modelo global de gestão que vem sendo implantado em todos os tribunais do Brasil.” Para ele, a conjuntura que vivemos não é nova, é apenas uma releitura de outros tempos, de outros governos neoliberais. Desta forma, o que temos atualmente é um novo “Fordismo”, com a forte tendência de desqualificação da mão de obra, um acumulo brutal de funções aos servidores públicos, rebaixamento dos níveis iniciais das carreiras, o que gera um entrave aos mecanismos de progressão e centralização das ações administrativas. Ele também falou sobre os desafios sindicais. “Sempre escutamos que os sindicatos precisam criar novas respostas. Mas, quais são elas?” Para ele, a saída está em recuperar a ideia de base, de classe e de companheirismo. 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

SP: Assistentes sociais e psicólogos da Baixada Santista dizem não ao Depoimento Especial

Ato organizado pela AASP Brasil e outras entidades marca resistência contra a inquirição de crianças e adolescentes vítimas de violência



Assistentes sociais e psicólogos da Baixada Santista provaram que a arte também é uma forma de resistência. Com rock, mpb, rap e teatro de fantoches os técnicos organizaram, com apoio da AASP Brasil e outras entidades, o “Ato contra as Práticas de Inquirição de Crianças Vítimas de Violência”, no último dia 23. Realizado na escadaria de entrada do Fórum de Santos, o ato marcou a resistência do grupo que participou nos dias 21, 22 e 23 de capacitação imposta pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

A Lei 13.431/17, que institui o Depoimento Especial em todo o país entra em vigor no mês de abril e foi aprovada sem levar em consideração as contradições desta metodologia apresentadas por entidades como a AASP Brasil e especialistas renomados no tema. Os conselhos de classe, tanto do Serviço Social, quanto de Psicologia, posicionam-se contra a metodologia, por entenderem que a prática não é protetiva às vitimas e que a lei fere os princípios éticos de ambas as categorias, uma vez que não é papel do assistente social e do psicólogo a extração de verdades e a inquirição de crianças. Embora a lei diga que o Depoimento Especial deverá ser realizado por profissionais capacitados sem especificar quais, o TJ-SP está capacitando assistentes sociais e psicólogos, sem levar em consideração que a maioria deles tem criticas contundentes à metodologia. 




“Na verdade este depoimento revitimiza as crianças e adolescentes, pois ele apenas obriga este depoimento no âmbito do processo criminal. Ele não prevê um acolhimento, um auxílio e um cuidado com estas crianças e adolescentes a partir do momento em que é revelada esta violência”, afirmou Catarina Lutfi Morgado, representante da Associação de Base dos Trabalhadores do Judiciário do Estado de São Paulo (Assojubs).

Representante do nosso Conselho de Especialistas, Elisabete Borgianni, falou em nome da AASP Brasil. “O Brasil teria que abolir de vez esta postura de jogar sobre os ombros da criança o ônus da prova. Criança não é para fazer prova, criança é para ter escuta protegida, daquilo que ocorreu com ela, é para se escutar inclusive o seu silêncio, o momento que ela vai estar preparada para colocar para alguém de confiança o que pode ter acontecido com ela”, expôs. “É uma falácia achar que este procedimento reduz o dano. É mentira. Porque se a criança tiver que repetir uma vez que seja para alguém o que aconteceu com ela sem que seja o momento em que ela queira se colocar é como se você quebrasse de novo o braço dela e perguntasse: Foi assim que doeu? Foi assim que aconteceu?”, completou.

Para Maricler Real, presidente da Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do TJ-SP (AASPTJ-SP), “este projeto não está isolado na tirada de direitos. Ele vem com um presidente da República que tira uma presidente, legitimamente eleita, para fazer reformas que não estavam no programa de governo. Vinte anos sem colocar um centavo nas políticas públicas, na Saúde, na Educação, no Transporte, no lazer, nas necessidades da população”, alegou. “Ele se junta ao um projeto de adoção aprovado ano passado, cujos vetos que nós havíamos conseguido, foram derrubados na calada da noite, em Brasília”, disse em referência à Lei 13.509/17, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com o objetivo de facilitar a adoção, cujos vetos presidenciais foram derrubados pelo Congresso Nacional no último dia 20.

O grupo deliberou pela organização de um documento a ser entregue para o Tribunal de Justiça de São Paulo, solicitando que profissionais que tenham objeção de consciência ao Depoimento Especial não sejam obrigados a dele participar. Também se definiu pela possibilidade de realização de um audiência pública na Assembleia Legislativa.

Além das entidades já citadas no texto, participaram do ato: Conselho Regional de Serviço Social (Cress-SP/Regional Santos), Conselho Regional de Psicologia (CRP-SP/Regional Santos), Fórum Regional de Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema ùnico da Assist~encia Social (FORT Suas – Baixada Santista), a Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso – Núcleo Baixada Santista), o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos (Sindserv) e o sindicato dos Trabalhadores da Justiça da Baixada (Sintrajus).

Os vídeos com as falas completas e a apresentação do rapper ICE Dee, do Coletivo Manifesta, que compôs uma música especial para a ocasião, podem ser conferidos no nosso canal no Youtube.

Veja galeria de fotos 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Novo presidente do TJ-SP recebe entidades: “Vou me empenhar para que não haja nenhum retrocesso”

Desembargador garante reposição do INPC no salário e auxílios



Manoel Pereira Calças, desembargador eleito para a Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo (biênio 2018/2019) recebeu nesta quinta-feira (22/02) as entidades representativas dos servidores para dar início às negociações da Campanha Salarial 2018. A AASP Brasil participou da audiência representada pela segunda tesoureira, Fátima Zanoni Mastelini, assistente social.

“Essa é uma reunião de servidores do Judiciário. Eu não sou o dono do Tribunal. Eu estou como presidente do TJ”, afirmou logo na apresentação. Calças colocou que estará aberto ao diálogo com os representantes dos trabalhadores. “Serei defensor intransigente de todos os pleitos possíveis. Vocês podem ter certeza de que vou me empenhar para que não haja nenhum retrocesso”. Disse também que no que se refere à reposição de perdas inflacionárias e garantias de direitos já estabeleceu uma ordem de prioridade: primeiro os servidores, depois os juízes e por último os desembargadores.

Em seguida, o presidente apresentou alguns pontos que sua gestão já começou a trabalhar:
1. Mandado de segurança contra decisão do CNJ de determinação da necessidade de grau superior para os coordenadores e supervisores dos cartórios, inclusive mandando cessar as designações atuais;
2. Chamamento público para a área de saúde, possibilitando parcerias com instituições de ensino com o objetivo de realizar atendimentos clínicos nas áreas de Saúde, Odontologia, Psicologia e Psiquiatria (publicado nesta quinta no Diário Oficial da Justiça);
3. Correção do auxílio-transporte atual para o valor da tarifa da capital. A correção será realizada em março, retroativo ao início da vigência da tarifa (R$ 8,00 por dia de trabalho);
4. Correção integral da data-base em março. TJ aguarda o percentual do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)  a ser divulgado ainda em fevereiro;
5. O mesmo percentual do INPC será aplicado para reajuste do auxílio-saúde e auxílio-alimentação;
6. Implementação do acesso, garantido pelo artigo 29 da LC 1111/2010 (projeto será elaborado para aprovação pelo Órgão Especial);
7. Implementação da valorização dos servidores: capacitação na área de gestão de contratos; lançamento do Manual de Contratos do TJ-SP; Programa de desenvolvimento de novas lideranças; treinamentos específicos para os servidores concorrerem aos cargos de assistentes jurídicos e judiciários;
8. Retorno do Banco de Talentos e implementação do Currículo Virtual dos Servidores para que o TJ possa identificar no quadro de servidores os talentos necessários ao aprimoramento dos trabalhos institucionais;
9. Manutenção do Instituto da Remoção, uma conquista para os servidores;
10.Informatização completa da área de gestão de pessoas para que os servidores tenham acesso completo às informações funcionais, possam extrair certidões automáticas e acompanhar a sua vida funcional, tudo em tempo real;
11. Criação de uma Secretaria de Gestão de Pessoas.

Entidades defendem principais pontos
Os representantes dos servidores expuseram os principais pontos da extensa lista de reivindicações, pontos estes primordiais para iniciar-se as negociações:
  •  Reposição salarial (do período mais o passivo de gestões anteriores, em torno de 14%);
  • Aumento real no auxílio-saúde, cujo valor está muito defasado e também por ser o único auxílio ao qual os aposentados têm direito a receber. As entidades defendem um auxílio no valor de R$ 600;
  • Que as horas extras voltem a ser computadas como horas credoras;
  • Que as comissões (orçamento, saúde, assédio moral, etc) sejam retomadas para discussão dos demais itens da pauta;
  • Que o TJ agende com urgência uma reunião para debater a questão do nível universitário para os escreventes.




Assistentes sociais e psicólogos
Fátima falou sobre a urgente necessidade de o Tribunal de Justiça homologar os concursos para assistentes sociais e psicólogos realizados em 2017, para recomposição do quadro técnico da instituição. Isso aliviaria a situação de diversos profissionais que são convocados a cumularem mais de uma comarca. “Nossos Setores Técnicos estão defasados. Há equipes com estudo de caso agendado para abril de 2019. Precisamos urgente da homologação dos concursos”, alegou.

Fátima também defendeu que as horas extras registradas como horas credoras possam ser estendidas para o Serviço Social e a Psicologia, que embora, tenham uma jornada de 30 horas semanais, muitas vezes acabam trabalhando mais tempo por conta de serviços externos ou acúmulo de demandas. 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

AASP Brasil participa de reuniões sobre o Depoimento Especial em Brasília

Associação esteve no Conselho Federal de Psicologia e no Conanda para debater decreto que regulamenta a Lei 13.431/2017

A AASP Brasil foi convidada a participar de um Grupo de Trabalho que teve como pauta a minuta de decreto que regulamenta a Lei 13.431/2017 (Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes vítimas de violência) apresentada à Comissão Intersetorial do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente). A reunião ocorreu no último dia 6 na sede do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Representaram a Associação a presidente, Ana Cláudia Junqueira Burd, e a secretária geral, Maíla Rezende Vilela.

Além da AASP-Brasil, compõem o GT, os representantes do CFP Iolete Ribeiro da Silva e Rafael Menegassi Taniguchi e pela Apsipol (Associação dos Psicólogos da Policia Civil de Santa Catarina), o presidente Renato Weber e a vice-presidente, Danielle Cadan. O GT discutiu o Decreto e elaborou alguns pontos a serem apresentados como contribuições para Comissão Intersetorial propor um substitutivo a ser enviado para o Senado. Assim, ficou agendada uma nova reunião em Brasília para elaborar um documento para a Comissão Intersetorial do Conanda a respeito do Depoimento Especial, assim como a AASP-Brasil foi convidada a participar da reunião da Comissão Intersetorial do Conanda sobre o Decreto no dia 01/03/2018.

Conanda
No dia 7 fomos convidados a participar de uma reunião na CPP (Comissão de Políticas Públicas) do Conanda, também em Brasília. A reunião visava apresentar os pontos trabalhados em 2017 e a ser desenvolvidos pela CPP em 2018. Aproveitou-se para apresentar a urgência da questão do Depoimento Especial e também do Decreto que regulamente a Lei 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que ainda será publicado.

Assim, a comissão propôs a discussão do depoimento, o que tornou a reunião bastante produtiva. Iolete, representante da CPP pelo CFP fez a leitura da lei e fomos debatendo e explicando para os conselheiros presentes o que a lei desconsidera e qual o impacto para as crianças e adolescentes vítimas.   Maíla abordou sobre os contrapontos do Depoimento Especial, colocou que essa metodologia proposta na lei, e que já vem sendo adotada em vários Tribunais de Justiça do país, é muito peculiar e contraditória, pois ao mesmo tempo em que o sistema que cria a metodologia, amparado no direito da criança e do adolescente, nos direitos humanos, é o mesmo sistema que serve para obrigar a criança a falar, e ainda em alguns estados brasileiros, sem ter o direito de defesa. Após, discutimos o decreto que regulamenta a lei e a importância de tentarmos modificar alguns artigos. Os conselheiros presentes  mostraram-se preocupados com a regulamentação da lei e ficaram de construir uma resolução do Conanda a  respeito da temática. Ana Cláudia também destacou a necessidade de ser verificado o conteúdo das capacitações que estão sendo realizadas no país e ainda a importância da nota técnica do CFP que orienta os psicólogos a não participar do Depoimento Especial como está proposto na lei e questiona os pontos controversos da mesma. Para além do Depoimento Especial, foram discutidas outras pautas da CPP, como a questão dos refugiados, educação e exploração de crianças.

A CPP convidou a AASP Brasil a estar presente na próxima reunião que acontecerá nos dias 20 e 22 de março, para discutir a cartilha dos Parâmetros da Escuta Especializada.


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Evento A quem interessa a “Reforma” da Previdência? A Psicologia na defesa intransigente dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores

Palestrantes negam a existência de rombo da Previdência e comentam sobre as forças político-empresariais que estão por trás do projeto



Na noite desta quarta-feira (07/02), o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) realizou o evento: A quem interessa a “Reforma” da Previdência? – A Psicologia na defesa intransigente dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. A AASP Brasil acompanhou os debates, representada pela tesoureira Ângela Aparecida dos Santos.

“A ideia deste debate pode ser evidente para algumas pessoas e para outras pode ser um absurdo, mas por que o Conselho de Psicologia fomenta um debate sobre a Reforma da Previdência?”, apontou Guilherme Rodrigues Raggi, tesoureiro do CRP. “Quero salientar que a nossa profissão hoje se insere cada vez em mais espaços, seja nas políticas públicas, seja na iniciativa privada ou seja no trabalho clínico, em todos estes espaços somos trabalhadoras e trabalhadores, nós prestamos serviços, nós fazemos gestão e atuamos em atividades que são tão diversas quanto a Psicologia”, expôs.

“Eu trago uma questão conjuntural para pensarmos que é absolutamente marcada por uma disputa de projetos societários em que a democracia e a conquista histórica e a luta dos direitos sociais e trabalhistas estão ameaçados e mais do que isso, algumas delas já, aparentemente perdidas. Sabemos que a Previdência Social e o Benefício da Prestação Continuada (BPC) são instrumentos de enfrentamento da desigualdade social no Brasil e mais, são direitos constitucionais previstos que devem ser garantidos e que possibilitam condições mínimas de vida para as pessoas”, explicou Beatriz Borges Brambilla, conselheira e coordenadora da Comissão de Políticas Públicas do CRP-SP.


O primeiro palestrante da noite foi João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical e representante do deputado federal Paulinho da Força (SD).

“O problema da Previdência é que foram desviando e usando o dinheiro como se fosse dinheiro do Estado. Essa é a cultura que nossos políticos impuseram desde a criação da Previdência Social”, resumiu logo na abertura de sua fala. “De vinte anos para cá, houve um volume muito grande de pessoas que se aposentaram e o rombo começou a aparecer”.

Ele explicou que a constituinte de 1988 criou a Seguridade Social como um “guarda-chuva” para a Previdência Social, a Assistência Social, Saúde e Educação. No entanto, os governos seguintes começaram a desviar as arrecadações e quando o volume de aposentadorias cresceu começou-se a defesa de se desmembrar a Seguridade, dizendo-se que a Previdência deveria “caminhar com as próprias pernas”. “O problema é que o que havia sido desviado nunca retornou para as cofres da Previdência”, alegou.

Em seguida, ouvimos a opinião do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). Ele é taxativo: “Não é uma reforma. Trata-se do desmonte da Previdência pública”, defendeu. “As emendas 20 e 41 dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula já haviam sido ataques brutais aos trabalhadores, mas esta proposta de agora é sem precedentes e atende aos interesses das empresas de Previdência privada. Elas ajudaram na elaboração deste projeto”, alegou.

O parlamentar acredita que a reforma se dá dentro de um contexto conjuntural nacional e internacional. “Estamos vivendo mais uma crise do capitalismo que começou em 2008 e o capital não perde nunca, quando ele percebe que vai perder, ele tira de algum lugar. E quando há um colapso ele aprofunda a retirada dos fundos públicos de cada país e é isto que está fazendo hoje no Brasil”, expôs. Neste quadro é que vimos tantos retrocessos (PEC 55, Reforma Trabalhista, terceirização e agora a Reforma da Previdência) acontecerem em curto espaço de tempo. “O Temer precisa entregar este pacote, foi este o trato quando do impeachment da Dilma”, concluiu.

A professora da Universidade de São Paulo (USP) Leni Sato pontuou que precisamos desmistificar essa fala de que há um rombo na Previdência. Isso não é verdade. A Previdência é superavitária, o problema é o mau uso do recurso, os desvios e as isenções fiscais. Ela citou um artigo da especialista Maria Lucia Werneck Vianna que explica ponto a ponto o que ocorre com a Seguridade Social.
Leni lembrou o caso do Chile, que passou por uma drástica reformulação previdenciária a estilo da que as forças conservadoras querem implantar no Brasil. “Somente agora estamos vendo o desastre que está sendo”.

“Não se discute a contrapartida que o governo deveria dar e nem as grandes dívidas das empresas e querem cobrar os trabalhadores por este déficit”, arrematou.
Vinicius Saldanha, representando o Sindicato dos Psicólogos de São Paulo falou dos impactos nefastos deste projeto e que ele é uma das consequências do golpe político, jurídico e midiático que se deu no Brasil. “A Reforma da Previdência é apenas um capítulo desta história. Aliás, a própria Reforma Trabalhista aprovada já dificulta muito o acesso à Previdência Pública”.

Por fim, ouvimos o advogado Claiton Coutinho que abordou a questão dos servidores públicos, que são tidos como “os privilegiados”. “Os servidores públicos não são uma casta privilegiada. O que temos são categorias dentro do Serviço Público que recebem super salários e vantagens, mas isto não abrange a grande massa de trabalhadores”.

Ele também falou sobre o projeto de reforma previdenciária de autoria do prefeito João Dória (PSDB) para o Município de São Paulo e o classificou como “indecente”.





sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Encontro Estadual dos servidores do TJ-SP

Evento com apoio da AASP Brasil. Dia 24 estaremos presente para participar das discussões.

Inscrições 


Entidades definem 19 de fevereiro como dia de paralisação

Governo não consegue votos suficientes para aprovação da Reforma da Previdência e cogita adiar votação para a última semana



Embora informações na imprensa indiquem que o governo federal não conseguiu ainda os votos suficientes para a aprovação da Reforma da Previdência e que, possivelmente, irá adiar mais uma vez a votação na Câmara dos Deputados, representantes da classe trabalhadora continuam se organizando para que o dia 19 de fevereiro seja de paralisação em todo o país.

Esta foi a orientação discutida na última reunião das entidades, ocorrida na Assembleia Legislativa de São Paulo, no último dia 06. Fátima Zanoni Mastelini, segunda tesoureira, representou a AASP Brasil.

É possível que o governo Temer adie a votação para o dia 28, mas as centrais sindicais e entidades insistem na mobilização como forma de pressão aos deputados e ao governo de que não iremos aceitar mais este retrocesso e ataque aos direitos trabalhistas.

Além da paralisação geral, está previsto um grande ato na Avenida Paulista, na capital de São Paulo, às 16 horas, com concentração no vão do Masp (Museu de Artes de São Paulo). As centrais também estão trabalhando o corpo a corpo junto aos parlamentares nos gabinetes e aeroportos. Também haverá atos em Brasília. Alguns representantes de entidades estarão na capital para participar dos atos.

A próxima reunião da frente de entidades que discute a reforma na Alesp ocorrerá no dia 16, às 10 horas.